sexta-feira, 26 de outubro de 2012

E por falar em avaliação...

Rejane de Oliveira
 
Compreender que o acesso à educação pública de qualidade é fundamental para acabar com a desigualdade social no Brasil é o mínimo que se espera dos governantes.
 
A falta de investimentos na área no Rio Grande do sul, onde não se investe nem o mínimo estabelecido pela Constituição Estadual – 35% da receita corrente líquida –, tem uma profunda relação com as mazelas sociais que atingem todos os segmentos da sociedade. A ausência de políticas educacionais capazes de oportunizar aos filhos dos trabalhadores melhores condições de aprendizagem contribui para o aprofundamento das desigualdades sociais, da exclusão.
 
A garantia de acesso a um ensino público de qualidade e a valorização dos educadores são premissas fundamentais para que a escola cumpra o seu papel social. Educar é, antes de tudo, construir cidadania, promover a emancipação, formar seres críticos e capazes de desenvolver suas potencialidades nos diferentes espaços da sociedade, inclusive no mundo do trabalho. 
 
Recentemente foi lançada mais uma ação mirabolante do governo estadual. Infelizmente, não se trata da destinação de recursos para a compra de equipamentos e materiais pedagógicos, à construção de novos prédios escolares, muito menos para garantir salários dignos. Quiçá fosse o cumprimento da lei do piso nacional! Resume-se apenas à criação de (mais) um mecanismo de avaliação, denominado Sistema Estadual de Avaliação Participativa (Seap). É um mecanismo de aferição criado com o objetivo de mascarar a ausência de políticas públicas para a educação, como se não fosse visível a precariedade e o sucateamento a que estão submetidas as escolas da rede estadual. 
 
A educação gaúcha precisa de mudanças efetivas nas estruturas educacionais, que, se bem executadas, transformariam não só a vida daqueles que frequentam as escolas públicas, mas a vida de suas famílias e suas comunidades, incidindo diretamente na melhoria das condições de vida da população, na distribuição de renda e na redução das disparidades socioeconômicas que caracterizam a nossa sociedade. O “novo” sistema de avaliação tentará mais uma vez rotular os(as) aluno(as) como incapazes e os(as) professores(as), como incompetentes, desconsiderando a falta de investimentos e de políticas educacionais.
 
Quem irá avaliar o governo Tarso por descumprir o que determina a Constituição Estadual e pelo não cumprimento da lei do piso nacional? Pela falta de um projeto pedagógico construído com e pela comunidade escolar? Até quando vamos culpar as vítimas pelos crimes cometidos pelos seus algozes?
 
REJANE DE OLIVEIRA é presidente do CPERS/Sindicato.

Fonte: Blog 14º Núcleo CPERS/Sindicato

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