quarta-feira, 11 de abril de 2012

Violência dos alunos provoca stress pós-traumático em professores


Professores são afastados para tratamento após problemas com alunos. Problema acontece em escolas públicas e privadas, diz sindicato do Rio.
 
Um problema comum nas escolas é a violência contra escolas públicas e privadas. Nem todas as secretarias de educação fazem um levantamento estatístico dos casos de violência física e psicológica contra os professores, mas eles existem e são muitos. O stress pós-traumático tem se tornado frequente entre esses profissionais.
 
Com 24 anos de profissão, a professora Nádia de Souza Barbosa conhece bem a realidade da violência nas escolas. "Eu estava em uma sala que não tinha chave, eu me encostei na porta para dar aula um aluno por três vezes chutou a porta sabendo que eu estava ali."
 
Joseneide Santos de Aquino relata que três alunas colocaram acetona e veneno para matar ratos no café da sala dos professores. "A diretora estava muito assustada e avisou que uma avó ligou para falar que a neta viu umas meninas colocando 'chumbinho' no café dos professores", conta.
 
As duas professoras estão afastadas há quase dois anos para tratamento de um transtorno de stress pós-traumático adquirido em sala de aula. Esta síndrome vem se tornando comum entre os professores da rede municipal de educação do Rio.
 
Os problemas na relação entre aluno e professor não se restringem apenas às escolas públicas. Uma professora da rede privada que não quis ser identificada conta que lidar com alunos clientes é um desafio diário. "Uma criança de 12 anos me disse que eu tinha a obrigação de explicar quantas vezes ele quisesse porque ele estava pagando", disse a professora.
 
O presidente do Sindicato dos Professores do Rio, Wanderley Quêdo, diz que muitas escolas entraram na lógica mercantil. "Educação não é uma mercadoria", alerta.
 
A professora Joseneide destaca: "Muitos colegas me dizem: 'não liga, não é teu filho, dá tua aula e pronto. Mas quando a gente é muito apaixonada pelo que faz, a gente acredita que a educação pode mudar o mundo pessoal daquela criança."
 
Para a presidente do Conselho de administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Maria Alice Setúbal, é importante valorizar a formação do professor. "Muitas vezes o professor não foi formado para lidar com jovens e adolescentes", disse Maria Alice em entrevista ao 'Jornal da Dez', da GloboNews. "A escola não está sabendo lidar com os desafios do século XXI. Se a escola se tornar muito desconectada com o mundo real que o jovem vive torna este aluno desinteressado. Ele acaba sendo agressivo contra a própria escola. É muito importante pensar que a escola tem que formar jovens e adolescentes para ter participação ativa na sociedade."
 
FonteG1/ SINDISERJ

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