terça-feira, 17 de abril de 2012

Candidatos buscam anulação de concurso


Polícia Civil investigará falha na entrega de provas em Uruguaiana, domingo

Uma falha na entrega das provas do concurso do magistério estadual em Uruguaiana, no domingo, quando foram repassados exames errados a um grupo de candidatos, está sendo investigada pela Polícia Civil e deverá levar a uma ação na Justiça pedindo a nulidade do processo.

Apesar disso, a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), responsável pela seleção, considera que não há possibilidade de anulação de todo o concurso pelo fato de o transtorno ter envolvido apenas um entre 68 diferentes tipos de testes aplicados. Problemas também foram registrados em Erechim.

Em vez de uma prova única, foram elaborados 68 exames diferentes para testar de forma mais específica os pretendentes agrupados por área de conhecimento ou nível de ensino. No caso de Uruguaiana, um grupo de candidatos a professor de educação física recebeu exames voltados para concorrentes de língua portuguesa.

 A organização local ofereceu a possibilidade de os participantes aguardarem a produção de cópias dos testes corretos, o que foi aceito por alguns e recusado por um grupo de 80 a cem pessoas.

Parte dos insatisfeitos registrou queixa na delegacia de Uruguaiana, que abriu uma investigação. Porém, se for evidenciado que houve um simples engano, e não uma tentativa de fraude, o caso deve ser arquivado.

– Até o momento, tudo indica que houve desorganização. Se ficar comprovado, restaria à própria fundação anular o concurso, ou os prejudicados procurarem a Justiça – afirma o titular da 1ª DP de Uruguaiana, delegado Gustavo Rodrigues Arais.

A FDRH rejeita qualquer possibilidade de cancelar o processo seletivo. Uma das razões é que, como as provas são diferentes para cada área de habilitação, o erro na seleção para um tipo de educador não tem influência no restante do concurso. A habilitação de educação física concentrou 5.826 dos quase 70 mil participantes. Além disso, a direção entende que ofereceu uma solução viável aos concorrentes ao propor a realização do exame em novas provas, com a compensação do tempo perdido pelo transtorno.

– Foi um problema extremamente localizado em um universo de 70 mil candidatos. Essas pessoas optaram por não fazer a prova, por decisão delas, enquanto outras decidiram fazer e estão concorrendo normalmente – argumenta o diretor-presidente da FDRH, Jorge Branco.

Candidatos que se consideram prejudicados, porém, já recorreram a advogados e prometem buscar anulação do concurso na Justiça a partir desta semana. A FDRH reconhece o direito de qualquer concorrente buscar a Justiça, e prefere não comentar os possíveis desdobramentos.

– Ações desse tipo são comuns em concursos – completa Branco.

Segundo a FDRH, foram registrados ainda problemas pontuais em outras cidades, mas que teriam sido resolvidos por meio do remanejo de provas de um local para outro ou da utilização de exames de reserva. Candidatos ao concurso do magistério que fizeram provas em Erechim, no norte do Estado, também reclamaram de trocas das provas. Porém, diferentemente de Uruguaiana, os candidatos optaram por fazer exames fotocopiados e buscar alguma forma de reparação depois.

Próximos passos 

As etapas seguintes do concurso, sem levar em conta eventuais decisões judiciais:

- Quinta-feira – Divulgação do gabarito. Depois disso, haverá três dias para recursos.

- 10 de maio – Prazo máximo previsto pelos organizadores para a divulgação da lista dos aprovados (data pode variar). Após divulgação, seguem-se outros três dias para recursos. Depois da homologação, ocorre a prova de títulos.

- Agosto e setembro – prazo previsto para as nomeações dos novos professores.
INFORMAÇÕES 

- As divulgações podem ser acompanhadas pela internet, no site da FDRH: www.fdrh.rs.gov.br


ENTREVISTA

“Houve uma revolta grande”

Nerli Benites Dornelles, professor

Um dos concorrentes do concurso que se sentiram prejudicados com a troca de provas em Uruguaiana, Nerli Benites Dornelles, 45 anos, já professor de educação física na rede particular, afirma que vai procurar na Justiça o cancelamento da seleção. Confira trechos:

Zero Hora – Como foi o problema com as provas?

Nerli Dornelles – Foi uma sacanagem em nível de organização. Abriram o pacote de provas, e um colega se deu conta de que era a prova para língua portuguesa, não para educação física, que era a nossa inscrição. Disseram que iriam tirar cópias da prova correta, mas quanto tempo isso iria demorar? Até as 16h não havia chegado cópia nenhuma. Aí dissemos que não iríamos fazer a prova, registramos na ata e fomos para a delegacia registrar ocorrência.

ZH – Vocês vão pedir a anulação do concurso?

Dornelles – Ontem mesmo procuramos advogado para encaminhar um processo contra o Estado e a organização do concurso. Teve gente que veio de fora, pagou transporte e alimentação. A prova veio lacrada e não poderia sair da sala para se fazer cópias, o que vai contra o edital. Vamos pedir a anulação.

ZH – Como o senhor se sentiu?

Dornelles – Muito chateado, houve uma revolta grande.

Fonte: Zero Hora/ Site 15 Núcleo CPERS/Sindicato

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